quarta-feira, 29 de julho de 2009

Cordel avuado 2 Parte

Cordel Vuado
Cordel Avuado
Fio de navalha em flor
Rezo um bendito
no sopé do roçado
Cordel Vuado
Cordel Avudado
Curisco risca o céu
rajada de trovão irado
Bacamarte inquisidor
Trupé
Forro
Barco arriado
Cordel Vuador
Cordel Avuado
Viola feita de umburana
Candeiro de latão
Cabeça de ex-voto encomendada
Cruz de cedro
Aparição

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Cordel avuado Parte 1

Carvão de aluvião ferruginoso
Tropas de burros alados
Enxada luzida feita de ouro
Cachimbo ritualistico na mão de
um cego
Zabumba boi e boiada
que cruza deserto
Galope a beira mar
esfumaçado
Reza de benzedeiro
no mei do roçado
Cordel vuador
Cordel avuado ....

Agruras

Agruras esculpida na cara de um velho
seu sorriso enigmático como uma tarde
entrever o caos
que há nas calçadas
Agruras nas asa dum coruja
que cruza um abismo numa
noite tempestuosa
Agruras numa foice que alça
voo no meio do canavial
que alça voo na mão do cortador
que corta com há dor
a cana que o escraviza

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Por Trás da Barricadas

Por trás das barricadas o gás lacrimogêneo explode com sua fúria química


Por trás das barricadas as balas de borracha cegam e contundem como palavras.


Por trás das barricadas a fome cessa e a cede cessa, pois é o medo quem impera.


É o medo da morte

É o medo de ver um irmão que está na luta cair ao seu lado sem vida


Um coquetel molotov voa como um anjo incendiário

E cai do outro lado do outro lado das Barricadas

Onde estão também Homens como nós

Vestido para uma guerra

Vestido para matar

Em nome de quê?

Em nome de quem?


Do deus do mundo

Do deus dinheiro

Mata-se!


O coquetel molotov cai e queima

O gás cai sufoca !!!


De um prédio por trás das vidraças

Homens de terno observam

São os donos do mundo

Ou serviçais do dinheiro?!


Um corpo cai e grita em seu ultimo alento.


Paz e Pão
Paz e Pão !!!

A estética da fome

A estética da fome é: a morte
De milhões de células por inanição.

A estética da fome é: a agonia silenciosa nas entranhas e como uma garra
de um animal feroz sai rasgando o bucho do Homem.

A estética da fome é:
É réquiem de pedintes esfomeados, nômades em meio à selva de pedra.
Pedindo o que comer!

A estética da fome não tem ética
Ela mata
No Camboja
No Sirilanka
Ou a onde a fome estiver Embaixatriz de toda dor.

A estética da fome tem cor:
A maioria da vezes é Negra, Pálida, Morena ou Índia.
Os Índios também tem fome irmãos!

A estética da fome vive:
Nas vielas ou de baixo das pontes e via dutos.
Um pensamento de Garcia Lorca ou se era de Garcia Márquez não sei.
Mas gritada aos quatro cantos por um mendigo Profeta dizia assim : “ Quando a fome for erradica da face da Terra haverá uma evolução espiritual já mas vista pela Humanidade”

O teu sorriso

O teu sorriso foi cinzelado
na parede dum Templo
O teu sorriso que como pétalas
voam num bosque
É tão alegre como a festa
Holi*, festa de múltiplas cores
Um anjo barroco de asas arcaicas
canta uma cantiga à teu sorriso
Que diz assim:
Ave que voa num céu azul
Sol que nasce no horizonte
Água que brota da fonte
Assim é teu sorriso
e o dia se tornou
Mas claro quando você
sorriu e eu dormi com
tão linda melodia ( ... )

Á Narjara

*Holi- o festival das cores É tradição na Índia celebrar o início da primavera com uma grande festa. Neste dia, uma chuva de pó colorido se espalha pelas ruas, pintando tudo o que encontra. É um chamado para a beleza da estação e também espalha mensagens de alegria e amor.( N. T )

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Orb Celeste

Ave Orb Celeste
Esfera de Diamante na mão dum
Arcanjo
Desenhado em um Cordel
Ave Orb Celeste
Que deita e rola pelo
Céu
Céu de ametista
de Azul Turquesa
Incenso de Palo Santo
que espanta qualquer tristeza
Ave Orb Celeste
inscrito no signo de Salomão
Gavião Ripino
Voa na Imensidão
Ave Orb Luzente
Ave Orb poente
Orb Esfera Diamantina
Trás vida
Trás paz Nessa
Manhã Vespertina
O bojo da viola é Orb
que Canta
Pela mão do Violeiro
Me despedindo vou
Ver o dia Nascer Primeiro ( ... )

quarta-feira, 15 de julho de 2009

La Dança

Estrela que dança em noites silenciosas
O céu como uma mão invisível segui teus passos
Estrela Luzente
Uma brisa que vem do oceano
trás aromas transmarinos
Um Xamã dança com o fogo
e o fogo dança com o Xamã
No cume de uma montanha
uma águia alça voo
Um Dervixe entra em Sama
No meio do deserto
Enquanto isso numa caverna
Um yogue contempla o Infinito
que habita dentro dele
e o Infinito sorri em mil notas
sagradas
Eu durmo como um poeta
em um jardim de flores coloidais

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Viola Andante

Escrevo palavra que anda
Palavra andante!
Em cavalo de asa azul que voa
Como um corisco
que cruza o céu de canto a canto
viola tocada por um violeiro cego
que canta e chora
sustentada
suspirada
sustentada
Pela mão do poeta
Vejo a viola
que canta e chora
que canta e chora
Por esse sertão a fora
Por esse sertão a fora

Blues La Urbe

Como um cão perdido no deserto
Que uiva ao elo
o céu por testemunha
e o sol por carrasco
Como um cão perdido no deserto
em um deserto Urbano
em um deserto de Urbano ides
Cavalo que voa
Cão que uiva
Nessa Urbe deserta de vida

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O zul do Himalaia

O azul do Himalaia é lindo
No sopé dum monte estou dormindo
Como Sanyassi
Um Dervixe recita uma poesia de Rumi
em minha direcção
O sol desce as escadas do horizonte
em direcção ao infinito
Ás horas passam como um aroma
deixado por uma corte real que passa
Um beija flor escreve o verbo sagrado
Com seus zigue-zagues
Enquanto isso o ancião escrevia um livro
Sagrado em caracteres de fogo
que nem mesmo a eternidade poderá apagar ...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vi num punhado de farinha enigmas cabalísticos


Vi num punhado de farinha enigmas cabalísticos
e dizia assim:
um anjo forjado por resto de enxadas e foices
abandonadas num deserto canavial.
Bagaceira,Pó e Cal
Bagaceira,Pó e cal!
Faên cravejado de diamantes na mão
duma Criança e que voa como um disco
Vuador por cima de Usinas Sanguinárias.
Carro de boi Carregado de carcaças
de senhores sem engenho
Pois estão todos mortos
Pois estão todos mortos!
E seguindo o carro de Boi
Um Rabequeiro cego
Tocava uma cantiga
e chora lágrimas tão doce
Mais tão doce!
Que o canavial
Com sua baleeira verde-cortante
Envergonhado fugia
Em disparada!
E pra nunca Mas voltar
E pra nunca Mas voltar!

Eligilvan