sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ponte do Recife Canto 1


Pontes do Recife. As águas que singram teu ceio refletem a alegria e o medo.
Pessoas passam margeando o Rio que agoniza.
A agonia do Rio é á agonia de muitos.
Que passam sem saber pra onde ir.
O cheiro torpe de lama, fecunda, onde um anjo de Asas molhadas canta.
Um réquiem!
Enquanto isso, o carnaval sufoca sua voz sulfurosa.
Que se confundi com a voz do povo em seu réquiem carnal.
Que canta pra ver que a tristeza vai embora.
Só que em dia de carnaval a tristeza se traveste de alegria.
E chora em meio a multidão que vai embora.

sábado, 21 de novembro de 2009

HAKAIS 12 POR 9 DE 1/4 DE DIA


Um lago cruza o deserto
Que chora profundamente
A seca é anjo caído

O abismo dorme
Um cego anda
Por estradas desertas

Um pássaro voa
Uma serpente serpenteia
A vida passa

Uma flor na calçada
Ninguém há vê
Só poeta que chora

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O curandeiro passa


O curandeiro passa
E trás consigo estórias ancestrais
O curandeiro passa
Seguindo a sabedoria do rio,
ele vai.
O curandeiro passa
Reza, reza benzedeiro
Com ramo de furta-cor
O curandeiro passa
Não cobra nada
é de graça.
De graça se ganha
De graça se dá
O curandeiro passa
Visitando, casas de massapê.
Visitando curando,rezando,benzendo
fazendo o que é pra fazer:
O Bem!
Ouvi o Curandeiro dizer.
O curandeiro passa ...

domingo, 15 de novembro de 2009

Haikais (1/45 em sete)


O sono beija
As pálpebras dormentes
Como absinto no corpo

Um aroma argênteo
Rompe a noite
É a lua passa

O corpo envolto
É pétala que cai,
No jardim suspenso.

Uma flor abriu-se,
Entre duas colunas marmóreas.
Vejo a porta do paraíso.

Uma flor voa
É anjo taciturno
Que dormitava na nuvem

sábado, 7 de novembro de 2009

Haikais ( Tupiquin cibernético 1/5 de horas )


Pessoas se olham
Mas ninguém se vê
na rua que treme

O perfume da rua
é lodo aludido
o dia cai como uma pedra

Meninos pedem
Niqueis em forma de lágrimas
são dados

Uma palavra feri
igual bala de fuzil
Cala-te boca!

Cordialisticas ( A viola fala o que a alma senti )


Céu azul todo anil
carcará voa ligeiro
aura bala de fuzil.
O sol é candeeiro celeste
que brilha do Moxotó á Buda Peste
Um sanfoneiro que tocava num
antigo bangué chorou a ver
o mundo se transforma num torrão de açúcar
Um negro banto de sorriso de marfim
disse que o mundo gira loucamente
em um rodopio sem fim
Enquanto isso,um capial com sua
viola vazia cair estrelas do céu
em uma noite de lua
em uma noite de lua

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Haikais 1/4


Uma pedra cai no lago
O lago abraça a pedra
que dormi profundamente


Um beijo dado no vento
é auspicio de boa sorte
a mão que joga flores
na hora da boa morte

Um anjo de asas de ouro
estradas sem fim eu fui
escapulário de santa rosa
é rosa que me conduz

Labor de mão calejada
é cantiga que o vento canta
cavalo em disparada
estrada da boa esperança

Haikai que voa e cai
na boca de um poeta
Rima,sina e reta

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Monge e o Abismo


Num sopé de um monte morava um monge.
O monge ia ao fim da tarde conversar com o abismo. Que era seu melhor amigo.
Um dia vendo o silêncio abissal que o rodeava. O monge. Gritou com tanta força
Mas tão forte. Que ouviu sua própria voz foi ai que notou que estivera só fazia milênios.
E chorou. E uma águia desceu e disse para o monge: Homem deixe a solidão de abismo pra lá. Venha para solitude do céu que abraças estrelas e constelações. Nesse dia em diante o monge que foi amigo do abismo passou a ser amigo do firmamento.