sábado, 31 de julho de 2010

Viola feita de bronze na mão do cantador


Viola feita de bronze
Na mão do cantador
Chama chuva
Chuva trovão
E da terra!
Chama louvor
Viola feita de bronze
Na mão do cantador
Corisco mergulhador
A mergulhar no infinito
Resto de fim de feira
Pássaro caboclo
Pássaro bonito
Viola feita de bronze
Na mão do cantador
Voa como um bacurau
Voa de madruga
De vagarinho
Quase, sem sal.
Viola feita de bronze
Na mão do cantador
Flertando com a rabeca
Em noite de lua cheia
A tocar loucas serestas
Viola feita de bronze
Não do cantador
Toca um blues nortista
Azul-anil alado
A encher o céu com estrelas
Que voam de tua viola:
Ó Cantador!

Haikais de 1/8 de tempo (ou Assim)


Punhado de areia
Na palma da mão
Assim são os homens

Barro escara (do)
Pela boca do anjo
Assim é o corpo

Pétalas voando
Pelo deserto
Assim é um beijo

terça-feira, 27 de julho de 2010

As pétalas que habitam em ti


As pétalas que habitam em ti
Vem duma flor-mor, duma flor maior
Que carrega em si notas aromáticas
Quintessência de flores aladas
Assim, como você!
As pétalas que habitam em ti
Contém miríades de cores
& de formas, que povoam.
Infinitas regiões planetárias
As pétalas que habitam em ti
Soam como notas duma sinfonia
Sem fim (...)
Tocada por Devas em um jardim;
Paradisíaco. As pétalas que habitam em ti.
É suave e doce,
Como um beijo, que se dá
Na face da Eternidade.
As pétalas que habitam em ti

domingo, 25 de julho de 2010

As correntes e os Homens


As correntes e os Homens
Tem a mesma, sutileza de serem.
Forjados no ígneo fogo das estrelas.
As correntes e os Homens
São grilhões em si mesmo
Como hino fantasmagórico
As correntes e os Homens
Tem seus elos
E seu DNA
As correntes e os Homens
São companheiros em
Lúgubres masmorras
As correntes e os Homens
Parte-se em mil pedaços
Em algumas revoluções
As correntes e os Homens
Clamam por liberdade
Embora, que tardia
As correntes e os Homens
Que o tempo devora
Em lenta e ferruginosa
Poesia.
As correntes e os Homens (...)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um mergulho no abismo(ou Ode ao vôo)


Um mergulho no abismo
É morrer em si mesmo
Como ave se precipita
A corroer os seus segredos
Segredo de ave irmão
É conhecer celeste céu
É véu, que se aprofunda.
Como manto estendido
A coroar o firmamento
Mergulhar no abismo
E não saber voar
É auspicio de queda
As asas da alma
É a imaginação
As da palavra é a rima.
“Um abismo clama por um abismo”
Assim dizia um dito: Romano.
Quem tem asas não tem medo de queda;
Mas teme os abismos. O abismo da alma é a depressão
Buraco negro no espaço
Na calosidade da mão

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cabeleira Torquatiana(ou Xilogravurada no céu)


Cabeleira torquatiana
Xilogravurada no céu
Numa tábua de palo santo
Um poema épico foi escrito
Por um Índio duma tribo extinta
Cabeleira torquatiana
Xilogravurada no céu
Bala de fuzil voa rasante
Carregando seu tropéu
Cabeleira torquatiana
Xilogravurada no céu
Num céu Nova Yorkino ou;
Num céu Periférico proletário
Na Baixada Fluminense
A cabeleira Torquatiana
Voa e nada diz!
E se cala, perante há si Mesmo ...

Ode à Usinagem(Ou Usinagem da usina)


Usinagem de usina
É ferro fundido com sangue
É ramo de benzedeira
É faca peixeira
É arame
Usinagem de usina
É suor frio de pião
É faen
É farinha
É patrão
Usinagem de usina
É 12 de cano duplo
É financiamento do governo
É sálarium baixo
É sorriso esdrúxulo
Usinagem de usina
É a fome que mata
É a conivencia politica
Que dizimou tantas matas

domingo, 18 de julho de 2010

Vento no Deserto(Ou a Palavra que voa)


Como um vento que cruza deserto
Assim é a palavra
Às vezes ela empala
Às vezes ela cura
A palavra se compacta
Em caracteres
Em símbolos alquimicamente perfeitos
Um anjo Cabalístico, recitando um poema
Numa língua, mas antiga do que a própria terra
Criava vastidões planetárias no meio do Nada
E como um beijo na face do Creador
O anjo alçava vôo para mundos inimagináveis

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Manifesto pelo Luxo


Manifesto pelo luxo
Quero o luxo duma manhã de sol
Não um luxo compacto e comprado
Quero o luxo do cheiro de campo
Ou do sorriso duma criança
Não um luxo de um shoping Center
Quero um luxo de caminha tranqüilo
Na rua duma cidade qualquer
Não um luxo do cofre forte
No oitavo andar
Quero o luxo de um coração tranqüilo
Sem alvoroços e atropelos como uma bolsa de valor
O maior luxo que há na vida
É a simplicidade

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um poema Haikai e um Poema á Jabuticaba


Viola calada é silencio
Precipício é abismo.
Onde ave voa

Pedra lançada no ar
É palavra cão
Não tem dono

Suspiro de moça
É vento alísio
É suave e doce

Pé de jabuticaba
Enfeitada de cima
Á baixo.
É aroma solto;
Ao vento florido
E colorido como
Uma cantiga de
Donzela.

Como uma lua suspensa no deserto









Como uma lua suspensa no deserto.
Mira( dora ) de poetas
Como uma lua suspensa no deserto.
Ela roda e adentra o céu
Véu cálido e profundo
Como uma lua suspensa no deserto.
Ela vê o mundo
Membrana azul coloidal
Onde a vida pulsa
Como uma lua suspensa no deserto.
Verso de um poeta que navega
Na abóbada celeste
Numa língua antiga
É sussurro
Ou será uma prece?!
Que a luz ouvi e chora
Orvalhos de prata
E vai embora
Voando no deserto
Pai de profetas e profecias

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O sol é Candeeiro que brilha(ou Menestrel Andino)


O sol é candeeiro que brilha
Na mão
Na mão de Deus
É luzeiro guarnecido por
Miríades de anjos barrocos.
Numa igreja, na cidade de Potosí
Um menestrel canta na língua
Quéchua, um lamento frio como.
O um, vento Andino que beijava o.
Seu rosto.
O sol é candeeiro que brilha
Na mão
Na mão de Deus
Um violeiro aos pés de Padim Cícero
Canta um lamento, em oitavão rebatido.
Um vento quente sopra como um grito de um canhão.
Sertão á dentro!
E o candeeiro na mão de Deus
Contempla á imensidão que Ele aquece.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Loa Para Rede Que Voa (ou O Catador dependutado )


Uma rede dependurada no céu
E nela dorme um cantador
Com sua viola encantada
Um aroma de incenso
De flor de cajueiro
Sobe ao ar
É mar de aroma, irmãos!
A encher pulmões.
Ar é mar que voa
Gaivota altaneira
Faca peixeira na mão
Encaliçada pelo tempo.
Há o cantador canta
Em galope a beira mar
Deitado em sua rede
Que voa, mas que o pensamento.
Em noite de lua cheia.
O cantador diz boa noite
E descansa na rede que voa

Haikai Urbano e a Vida (ou Amém,Oxalá & Assim Seja )


A rua guarnecida.
Por infames infantarias.
Truculenta e motorizada.

Um tropel de cães.
Que farejam medo.
Em cada esquina.

Guardiões de quê?!
Da morte!
Politicamente correta

Mas, carrego no bojo.
Uma reza que diz assim:
“A vida
Ávida e voadora
Voa comigo com suas
Asas invisíveis de um velho Griô. ”

Amém
Oxalá &
Assim seja

Uma Frida Cor (ou 6 de Julho Nasci Ela Carregada de Cor )


Se a dor fosse transmutar em beleza
Transformava-se em Frida Kahlo
Ou em sua natureza
Transcender a dor não é se entregar-se a ela
É pincelar em nuances nuas
E dançar com ela
É humanizada
Que a humana dor se torne bela
Que na alquimia da vida
Ela se doe como a cor
Se doa por inteira ao branco da tela
Que a dor se entrega à alegria
Como o fruto desterrado ao chão
Que depois de sepultado
Renasce para contemplar o sol
E o céu que sorri como um haikai
Sem fim.
Numa Frida cor que diz assim:
''Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar .'' Frida Kahlo