domingo, 29 de abril de 2012

Haikai *1

Lágrimas que caem
Goticulas inodoras
Grãos de labor
Polen que voa
Mundo microscopico
Em flor

Açafrão Cabloco

Chamo a musa que canta ao meu ouvido Como uma lira de prata e ouro
Por veredas de umbuzais em flor
Mim leve e mim eleve
Num enlevo de cheiro de buriti
No voo singular de anjo caboclo
Pintado da cabeças aos pés por um deus tupi
Cor de açafrão no corpo luzido de um Deva
Que joga pedras ao ar e transforma em flores
Que caem nos pés de um Iluminado que sorri
A cantiga de uma sinfonia de gotas que se precipitam
Duma nuvem.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

No vago lume luzente

No vago lume luzente Um projetil lança-se indiferente
Indiferente a vida que pulsa
Indiferente a vida que corre
Indiferente a vida que morre
Lança-se ou é lançado?
Pela mão ou pelo dedo engatilhado?!
O projetil voa como mil cascavéis cantando um repente:
Luzo Fusco deprimente
De uma estopim de póvolra quente
É boca de caiêra
Jorrando fogo reluzente
Fumaça homicida
É urubu carniceiro
A(r)ma mata!
Ama(r) cura as féridas nos homens
No vago lume luzente

terça-feira, 24 de abril de 2012

Fresta do Paradiso


O grão de areia canta à caricia do vento que o transporta
O grão de areia canta a longa distancia da fresta da porta
Do paraiso que se anuncia

terça-feira, 17 de abril de 2012

Rosa Calida


Rosa calida do meu sertão poente
Sol que dorme no horizonte
Numa nota de repente

Ó Raizeiro


Ó raizeiro velho que mora num grotão distante
Tu que levas os pés encaliçados e sujo por poeiras vulcanicas
No rio caudaloso onde a mãe d´água canta teu nome.
Ó raizeiro ,curandeiro e rezador -
Que tua benzedura cure a loucura da falta de amor.
És amante do som da viola,carregas uma contigo.
Em teu bojo multicor – velho que a estrada conheci
De tanto tu andar por ela.
Ó raizeiro defumas com incenso de fuló e resina de breuzin,
O teu nome que sobe no céu e se transforma em estrela
Matuta e matutina.
Como teu falar
Como teu andar
Velho raizeiro (...)

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nas Profundezas do Teu Olhar


- Nas profundezas do teu olhar-
Vejo o céu
Vejo o mar
Como duas gemas preciosas
Azul céu
Azul mar
Que voam propagando vida,
No deserto suspenso no ar –
Nas profundezas do teu olhar
Vejo gálixas amando-se
A bilhões de anos luz –
Na profundeza do teu olhar
Vejo odes,poesias & palavras
Que se precipitam e voam
Como águias soltas no ar
Da profundeza do teu olhar

sábado, 14 de abril de 2012

Coração


Coração é oração que bate, no compasso do meu peito.

Na Tela da TV


Rasga mortalha
Que voa seguindo
O som da sirene da policia
Poeira de chumpo
E de povolra
Que o povo contempla calado
Como boi no matadouro
Estão todos desarmados.
E com os dentes trincados
Sorriem como cães ferozes
Perante à matança que dança
Na tela da tv.

Lingua Pisada


Estrada lingua pisada
Saliva dos pés que andam
Sobre ela.
Contadora estórias estrada.
Velha Griô, que fala mil idiomas
E dialetos, esquecidos pelo vento;
E pelo tempo.
Seu fiel esculdeiro.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Canto ao Barro Parte I


Quando eu morrer
Serei barro do rio
Vasilha Caraíba
Pote de barro vazio
Taça de barro
Serei à baber o doce
Do vinho
Serei barro novamente
Barro homem bravio

Ode ao Verão Incerto


Um canhão lança lamentos
Com poesias metralhadas
Rima de viola que voa
É loa por santo cantada
Voo de rasga mortalha
Em um campo aberto
Chuva fina é lagrima
De alegria por esse verão incerto

domingo, 8 de abril de 2012

A Dança das Abelhas


A dança das abelhas
Num tarde primaveril
Flores voando ao vento
Ave bala de fuzil
De besouro mungangar
Céu cinzelo por anjo
De uma folha de cordel
A dança das abelhas
Numa corola colorida
Manto de puro azul
Doce banquete da vida