terça-feira, 29 de junho de 2010

Um anjo mambembe


Um anjo mambembe recitando
Versos, dum poema.
Numa língua morta,
Raios de sol coloidais.
Na aresta duma porta.
Um livro encima duma mesa.
Meditava contemplado o infinito
Que continha em suas páginas.
Escritas, por um índio da tribo Dakota.
Um copo de café exalando aromas.
De paisagens distantes.
Uma ave dando, um rasante e cruzando
Horizontes pintados numa tela, por um.
Artista sem nome.
Um mantra eco no ar.
Recitado por Babaji e repetido por milhares
De estrelas que dançam no firmamento Himalaico.
Enquanto isso, um poeta dorme na porta duma.
Antiga ermida esquecida pelo tempo.
E acalentado, pelas flores e por fadas
Que voavam ao seu redor
Como enigmas duma noite de verão
Que só poetas e crianças sabem traduzir

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Um Haikai em horas(Ou Maquinária das Horas)


Um relógio roda
Numa rua calada
É a noite que cai

Uma viola chora
No sertão enluarado
O cheiro de esperança.

Uma gota cai
No deserto sofrido
É gaivota, que voa.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

1 Haikai e 1 Poema (ou o dervixe canta)


O rizoma é mar.
Que transmutar
Em si mesmo

Perolas, sem nome.
A naufragar num mar
Que antevejo.

Solto como vento.
No meio do deserto.
É verso alado.

Que um dervixe canta:
É som
É mantra
Que abra o silêncio para
Há alma que é um mar
É um mar de calma
É um mar de alma

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morre o velho Mago Saramago


Morre o velho Mago Saramago
Há carregar estória consigo
Morre o velho Mago Saramago
Nascido na província do Ribatejo
Morre o velho Mago Saramago
De nasceu menino de família podre
Mas tinha em si um coração nobre
Morre o velho Saramago
No palácio Galveias se refugiava
Para viajar no mundo das letras.
Morre o velho Saramago
Membro do Partido comunista
Um Mago das letras também é Ateu.
Morre o velho Mago Saramago
Pérolas ele deixou e a cegueira humana
Mostrou em seus livros, que pulsam como.
Um coração, de vermelho ardente como uma.
Bandeira de partido que lotou.
Lutar é quase um luto assim falou um poeta.
Vá para onde o vento te leva
Velho Mago Saramago

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Wally Salomão sobreavoando uma favela(ou Sorriso Torquatiano)


Vi Wally Salomão sobrevoando uma favela.
Do alto dum céu encimentado por nuvens truculentas.
Wally Salomão jogava livros para povo!
Livro aos borbotões jorrava de sua boca poética.
Com asas feitas com resto de bandeiras. De Movimentos Sociais.
Ele voava e cruza os horizontes.
Que só aos poetas é permitido cruzar
Wally Salomão carregava consigo preso
Em um baú o sorriso de Torquato Neto.
Para ser solto em pleno senado.
Para libertar os politiqueiros da loucura
Do Poder!

sábado, 12 de junho de 2010

Poema haikai & poucas palavras ...


Pétalas testemunham o fogo
Num altar suspenso
Um aroma sobe

A pedra do sol brilha
Na mão duma anciã
É estrela que canta

Um verbo cria mundos
Que propagam vida
Como uma citara que canta

terça-feira, 8 de junho de 2010

Um dervixe dança (Ou poesia sem fim...)


Um dervixe dança no deserto.
O céu inebriando chega, mas perto.
Uma águia escreve na imensidão
Um poema místico em numa língua
Sagrada e antiga que viu a terra nascer.
E morrer.
Uma pedra no silencio recita um hakai
Que faz voar pólen das flores
Que faz a lua dançar como um xamã
Ao redor duma fogueira.
Um dervixe dança no deserto
E o céu inebriado por estrelas
Dorme como criança recém nascida
Do útero galáctico poesia sem fim (...)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Folhetim avuador VII (ou Anuncios Tropicalistas)


Candeeiro brilha como o sol a pino
Visagem de anjo e sonho de menino.


Madeixa do cabelo de cumade fulozinha
É florido e tem cheiro de fulô.


Fim de feira é fim de festa
É pouco é nada que se resta.


Balaio de gato é o Brasil multi(étnico).
Multi(cor) multi(Brasilis).


Um pífano é epifania ao ouvido alado
De um anjo de barro.


Um colibri cruza o céu azul anil
E arresta consigo estrelas.


Curumim menino de rua voador
Recitando uma poesia Wally-salomoniana em
Tupi-guarani na Praça dos Três poderes.
Um deus da nação nagô foi testemunha.