terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sobejo de Mantra

Grão-vizir de poeira errante
Um livro levas contigo:
De alquímicas poesias
Rezas,
Benditos,
Tudo junto misturado
Como um sobejo de um mantra recitado.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Jardim de Romãs

Ouço o som do alaúde
O vento frio revela-me o seu nome
Minhas vestes puídas e carcomidas por andanças
Começam a pegar fogo (...).
-- Espontaneamente numa autocombustão
Fico nu, diante do Jardim de Romãs.
Aromas raros e si (lentes) voam em minha frente.
Um rio calmo dança como uma vestal
Enquanto isso, o lamento do alaúde.
É um convite ao ócio que dorme em êxtase profundo.
Há sombra duma macieira.
Um chá de folhas da árvore da vida é servido
Aqueles que vêm de longe, com suas historias e sem bagagens.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Ruabayat 3 Ori-veres

O ori-veres beija a face dourada da coroa
O dervixe beija a solidão do deserto
O rei beija imensidões conquistadas a ferro e sangue
A luz beija à eternidade que corre como uma donzela

Ruabayat 2 Semeando

Canto em ruas desertas como um tolo
Tavernas sem abrem impudicamente
O sol brilha na palma da mão estendida
Que joga terra ao ar semeando planetas

Rubayat 1 Andarilhos

Andarilhos dormem em seu caminho
Eu durmo em meu castelo de carne e ossos
Rezo no templo caido e acendo incenso a mim mesmo
Como um sacerdote pagão bebo o vinho de cepa rara e mim embriago

Mim Lanço ...

Mim lanço na fogueira
Que canta meu nome numa língua ígnea
Purifico & puro (fico), os meus pensamentos
Com o fogo do discernimento.
A caveira cravada no sopé da montanha
E que verte fogo pelas entranhas irá morrer de fome!
Com a renúncia cotidiana
“Ser casto é conhecer todas as possibilidades e não se perder
Em nem uma delas”*
O inferno e o paraíso habitam o mesmo quarto e não se olham.
*Trecho do filme Maria de Jean Luc Godard

domingo, 4 de novembro de 2012

Japa mala de Romeiro é Rosario

Japa mala de romeiro é rosario
Um bojo de flores coloridas
Enfeitando um altar duma ermida
Batalhão de estrelas tranluzentes
Clariando uma estrada pequenina
De pés descalços que caminham
Em busca da terra prometida
Japa mala de romeiro é rosario
Que brilha no firmento
Como sol encandieirado
Pela mão benta de um mendigo
Que pede migalhas e dá de volta
Pedras de preciosa quilatária
Roseo barro de igreja
Carcomida pelo tempo
O cordel empueirado na gaiola do tempo
Canta à noite que se anuncia
Tenra madre poesia
Que enche o altar da natureza
Japa mala de romeiro é rosario
Reza é mantra de nortista
Gema de rara beleza

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Céu de Brigadeiro & Mar de Almirante

Céu de brigadeiro
Mar de almirante
Asas de águia
Olha de um infante
Céu de brigadeiro
Mar de almirante
Ilha cálida no sul do pacifico
Sorriso idílico de uma cachoeira
Céu de brigadeiro
Mar de almirante
Paraíso pintado há aquarela
Numa folha de bananeira
Céu de brigadeiro
Mar de almirante
Coração de madre pérola
Coração de diamante

Grãos de Areia do Tempo

Grão de areia do tempo
Cordel solto ao vento
Feito pipa infante
Grão de trigo propagando
Bonança e fartura
Cheiro de terra
Farinha e rapadura
Grão de chumbo inquisidor infame
Cerca de aço
Suor e arames
Grão de luz que dá a vida
Flores
Frutos
Doce mel viver à vida