domingo, 24 de janeiro de 2010

Na porta duma igreja ( ou Viola diamantina )


Na porta duma igreja eu vi: uma viola
Encrustada de brilhantes.
Que reluziam num instante sem fim.
Enquanto isso, anjos barrocos recitavam
Poesias de Patativa do Assaré.
É, eu vi!
Na viola havia escritos benditos e rezas sacras.
E também havia imagens de santos.
Que sorriam para mim.
Na porta duma igreja eu vi: uma viola
Toda enfeitada de fitas coloridas de antigos pastóris.
Há viola, ofereci uma cuia contendo incenso de breuzim.
E ela tocou para mim
E ela tocou para mim

sábado, 23 de janeiro de 2010

Nas asas dos Anjos ( Ou Asas rabiscadas por poetas )




Um anjo com Asas Leminskianas
Recitava um poema em uma
língua morta.
No sopé de um monte
onde havia uma porta.
Um anjo com asas Torquatianas
Cantava um réquiem num campo
de desova onde não havia nem cruz
e nem cova.
Um anjo com Asas Patativanas
Recitava um poema na copa
dum umbúzeiro.
Onde fazia florescer o mundo inteiro.
Pois é nas asas dos anjos.
É que se escreve poemas quando.
Os poetas sobem ao céu.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Anúcios Tropicalista ( ou Folhetim Avuado )


Carranca feita de ouro deixada na porta duma igreja.

Bacamarte canta cantiga de fogo.


Mão de pilão não pede bênção á ninguém.


Não confunda pólvora com farinha.


Azolgui é bebida de caboclo de lança.
--- Ele não dança, ele voa.


Seja útil igualmente a um pé de umbú

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Vi uma flor de lotus sorri


Vi uma flor de lotus sorri
pra mim.
Citara tocada por um Deva.
Num sopé de um monte.
Cada nota faz surgi uma estrela
no céu de krishna.
Vi uma flor de lotus sorri
pra mim.
Incenso de aroma raro
ofertado no altar do templo.
Um mantra recitado do cume
do Himalaia é farol que brilha.
Vi uma flor de lotus sorri
pra mim.
Flor de lotus é coração
que se desabrocha no charco
lamacendo.
E brilha !
E sorri pra você e pra mim.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Anúncios Trópicalistas ou ( Folhetim Vuador )


Cholate é ouro Inca.

Banana é moeda trópicalista.

Usina é mostro feito de ferro.

Senhor de engenho é ditador terceiro mundista.

Um beijo dado no meio da rua é coisa de anarquista.

Uma enxada vuadora é coisa de nortista mesmo.

Haikais Trópicalista ( Ou abaixo dos Trópicos )




Um folha cai
No lago que dança
É chá de deuses.

Um beijo é dado
Na mão do tempo
A ternidade também ama

Uma rua vázia.
Um beco sem saida.
Vejo: que a cidade é pequena

Um menino vender flores.
A flor vende o menino.
Que o povo compra a preço
de banana.

Bendito ao Cajueiro Santo ( ou Jardim do Paraíso )



Oh, cajueiro.
Cajueiro cantador.
Oh, cajueiro.
Trás noticia do meu amor.
cajueiro santo.
cajueiro tão florido.
cajueiro santo.
Trás a Paz que anda contigo.
Fulô do cajueiro de aroma
do paraíso.
É incenso
Incenso raro.
Que enche á porta do paraíso.
Em baixo dum Cajueiro.
Encontrei o meu amor.
Vestida de toda florida.
Parecendo uma fulô.
Oh, Cajueiro.
Cajueiro vuador.
Oh, Cajueiro.
Me leva onde você for.
Cajueiro Santo do jardim
do Paraiso.
Cajueiro Santo que dança
Todo fulôrido.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A missão do poeta ou ( Pescador de Palavras )


Poeta é pescador de palavras
no oceano fundo do pensamento.
O seu barco é a imaginação
É barco que voa na imensidão.
Como esse Barco.
Ele cruza Oceanos
E até Cordilheiras.
Quem disse que Barco não voa?!
Ele voa sim!
O poeta pesca palavras.
Como um mergulhador
procura por pérolas raras.
Com o maior cuidado (...)
Transforma o sol que tosta sua pele
numa bola de sorvete.
Essa é a missão do poeta.
Transmutar a real idade em.
I ma gi na ção e liberdade.
És a missão dos pescadores de palavras.
Que o povo chama de poeta.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Haikais ao Mar (e ao Pó)



Maresia
Mar e poesia
Poesia e mar
Poema.
Mar e pó
Pó e mar.
Maré que sobe.
Maré que desce.
Que mar é
Que maré
Que mar foi
Poesia

A arvore rainha do vergel ( Ao Rio Tapajós )


Arvore rainha do vergel
Luz
Mar
Terra
&
Céu
Um leito manso dum rio.
De areia cristalina
É pó de estrelas matutinas
Que caem sobre ti.
Uma lua espia do alto.
Um bacurau voa silencioso e si - lente.
Um aroma argentil que é a luz da lua
Enchendo o ar.
É a floresta que dorme e respira.
Num doce espaldar.
E o Rio Tapajós canta um canto.
Silencioso como todo cantar de rio.
E vai embora. (...)

Um anjo toca charango na porta do paraiso ( Los Andes )


Um anjo toca charango na porta do paraíso.
Enquanto isso, Viracocha dança sobre o Lago Titicaca.
O cume nevado dos Andes contempla a vastidão azul.
Um anjo toca charango na porta do paraíso.
Borboletas de muzo voam sob um céu profundo.
Um aroma de palo santo verteu dum altar feito de ouro.
É o coração dos Andes que canta.
Enquanto isso.
Um anjo toca charango na porta do paraíso.

O Rio que passa ( Há Sydartha )


Ele contempla o rio que passa lentamente.
O rio murmura um canto védico.
O velho barqueiro sorri como uma criança
Recém nascida.
O rio passa (...)
O passar lento do rio é a renovação constante da vida.
Em suas eternas nuances (...)
Como a vida que passa e transita no velho barco de Sydartha.
O velho barqueiro que já foi: Filho Brâmane, Samana, Amante e Rico comerciante.
Agora é Uno como o rio que ele contempla dentro de Si mesmo.